Por que a reforma da previdência afeta a bolsa e a cotação do dólar?

Nós últimos dias, estamos presenciando uma série de notícias referentes à comunicação entre o poder executivo e o legislativo. Para ser mais específico, os presidentes da República e da Câmara dos Deputados vêm “trocando farpas” na mídia, e isso vêm deixando boa parte do mercado preocupado.

Se a reforma não passar na Câmara, é bem provável que a mesma não seja nem sequer revista ou reavaliada. Sendo assim, podemos dizer que o Governo tem uma única chance de conseguir passar a reforma, que pode ser considerada, a reforma.

Mas porque a reforma previdenciária é tão importante?

Deixando a parte técnica de lado, vamos nos focar no foco da reforma: a redução de gastos e, consequentemente, a liberação de recursos no orçamento. Caso a previdência permaneça da mesma forma, é natural que os gastos com a mesma continuem aumentando, e isso vai exigindo mais dinheiro do orçamento.

Portanto, a reforma previdenciária até pode ser deixada de lado, porém, os gastos de amanhã com a previdência podem exigir mais dinheiro para financiar os gastos da união. Sendo assim, uma hora ou outra, o Governo terá que aumentar os impostos e arrecadar mais, para conseguir cobrir tudo.

A reforma previdenciária poderia ser o divisor de águas no orçamento da união. Se aprovada, o Governo vem especulando uma eventual economia de 1 trilhão de reais, ao longo dos anos, o que poderia ser o suficiente para reduzir boa parte da dívida pública. Portanto, estamos tratando de algo que poderia reduzir o tamanho da dívida, e consequentemente, colocar Brasil a posição de contar com um balanço superavitário novamente.

Redução da dívida e balanço superavitário são tudo que os investidores procuram no mercado!

Reforma da previdenciária e os investimentos/câmbio!


Quando o investidor vai procurar por uma boa empresa para investir, você busca aquela empresa que está endividada e possui prejuízos recorrentes, ou procura uma boa companhia que registra lucros, e tem uma dívida sob controle? Pois é, provavelmente o foco do investidor deve ser no segundo exemplo, correto? Então, os investidores que buscam comprar ativos em outros países, como o Brasil possui esse receio com relação ao nosso país.


Pode parecer algo incompreensível, ainda mais quando olhamos países como os Estados Unidos, que não registram superávit a mais de uma década e contam com um endividamento galopante. Porém, a diferença entre os países está relacionado a confiança que o mercado deposita sobre os mesmos. Enquanto os Estados Unidos contam com endividamento, e déficits recorrentes, o país ainda consegue registrar bom crescimento, baixo desemprego, inflação baixa e moeda forte.

Sem falar que os Estados Unidos são uma das maiores economias do mundo, portanto, estamos tratando de uma nação que tem grande relevância no contexto global, sendo considerado até, o “porto seguro” dos investidores. O Brasil é uma grande economia, além de contar com grades extensão territorial. O país definitivamente não vive a margem do mundo, porém, o país já registrou em sua história vários momentos de crises econômicas e inclusive a hiperinflação.

A troca constante de moedas, programas econômicos dos mais variados, e inclusive o socorro ao FMI para tentar arrumar as coisas “em casa” já aconteceram. Observando tudo isso, fica claro que existe certo contrastes entre as duas nações. Os investidores que estão procurando novos investimentos, e oportunidades lucrativas, vem no Brasil uma opção.

Mas sem a reforma da previdência, ou seja, sem uma reforma que possa reduzir gastos públicos, e alavancar o orçamento da união, esses investimentos podem não vir para terras tupiniquins, mas precisamente, para a nossa bolsa de valores. Por isso a reforma é importante. Já que o Brasil não conta com a confiança de boa parte dos investidores do exterior, é preciso mostrar que o nosso país está comprometido com políticas econômicas focadas na disciplina fiscal e em um orçamento consciente. Mesmo que existam outros países que possam desfrutar de políticas menos “austeras”.


Com a eventual aprovação da reforma, o fluxo de capital do exterior pode aumentar consideravelmente, sendo que esse capital vai vir em moeda estrangeira, mais provavelmente em dólares norte-americanos. Portanto, o câmbio pode também sofrer grande influência nessa aprovação. Devido à entrada de recursos do exterior, é provável que a oferta de dólares fique maior, porém a demanda para a moeda, poderá permanecer a mesma, sendo assim, é natural que o dólar fique mais “barato”, ou seja, o câmbio fique a favor ao Real!

Se a reforma não for aprovada?

Sem a reforma da previdência, boa parte das esperanças do mercado vão por “água abaixo”. Os gastos permanecerão os mesmos e o orçamento ficará cada vez maior nos anos seguintes. Provavelmente o rombo da previdência vai continuar aumentando, e o governo federal não terá muito que fazer. De forma direta o, déficit público pode aumentar e consequentemente a dívida nacional também.

Essas consequências vão contra o que o mercado espera. O mercado está esperando políticas públicas mais focadas na disciplina fiscal, e comprometimento com o superávit e a redução da dívida. Portanto, uma eventual saída de capitais não pode ser desconsiderada e tão pouco a retirada de empresas do exterior. Toda essa movimentação pode, no primeiro momento, influenciar na alta do dólar e demais moedas, e aumento do desemprego.

A bolsa de valores pode perder bastante valor, uma vez que boa parte dos investimentos nela feitos, são realizados por meio de capital externo. Sendo assim, qualquer notícia que possa provocar dúvidas na cabeça dos investidores (mais propriamente dizendo, o mercado) pode ocasionar movimentações bruscas, como as que ocorrem nos últimos dias, e que levaram a bolsa de valores a cair para próximo dos 90 mil pontos e o dólar a chegar aos R$ 4.